Ikebana
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Coube a Sen Rikyu (1522-1591), monge zen-budista, conselheiro predileto do xogun Hideyoshi Toyotomi, criar um novo conceito de estética: o gosto pelo simples, despojado e essencial. Ao mesmo tempo que lança as bases definitivas do Sadô (Caminho do Chá), ele também dá o refinamento ao arranjo de flores, o Ikebana. | Coube a Sen Rikyu (1522-1591), monge zen-budista, conselheiro predileto do xogun Hideyoshi Toyotomi, criar um novo conceito de estética: o gosto pelo simples, despojado e essencial. Ao mesmo tempo que lança as bases definitivas do Sadô (Caminho do Chá), ele também dá o refinamento ao arranjo de flores, o Ikebana. | ||
- | O Ikebana nasceu do ritual de oferecer flores denomidado tatehana. Na antiguidade, acreditava-se que para invocar os deuses era necessário determinar um local para recebê-los. Daí o ritual de colocar um flor ou árvore disposta, preferencialmente, de forma perpendicular à sua base. | + | [[Image:Ikebana3.jpg|thumb|left|180px|Ikebana]]O Ikebana nasceu do ritual de oferecer flores denomidado tatehana. Na antiguidade, acreditava-se que para invocar os deuses era necessário determinar um local para recebê-los. Daí o ritual de colocar um flor ou árvore disposta, preferencialmente, de forma perpendicular à sua base. |
No entanto, muitos estudiosos sustentam que a origem estaria ligada ao kuge, o ato de colocar flores no altar de Buda.[[Image:Ikebana-40-cy200.jpg|frame|right|Ikebana]] | No entanto, muitos estudiosos sustentam que a origem estaria ligada ao kuge, o ato de colocar flores no altar de Buda.[[Image:Ikebana-40-cy200.jpg|frame|right|Ikebana]] | ||
Somente no século XIV é que o kuge passou a ser chamado de tatehana, e, de cunho apenas religioso, passa também a ter o cunho estético. Começa a aparecer a expressão "fixar a flor", dando início ao estabelecimento de limites na concepção livre de se colocar a flor. É a partir daí que se desenvolvem as técnicas para os arranjos florais. | Somente no século XIV é que o kuge passou a ser chamado de tatehana, e, de cunho apenas religioso, passa também a ter o cunho estético. Começa a aparecer a expressão "fixar a flor", dando início ao estabelecimento de limites na concepção livre de se colocar a flor. É a partir daí que se desenvolvem as técnicas para os arranjos florais. | ||
- | [[Image:Ikebana3.jpg|thumb|left|180px|Ikebana]]O ESTILO RIKKA originou-se do tatehana (colocar flor em pé), arranjo floral destinado aos altares dos deuses e de Buda. O tatehana era simétrico, elaborado com espírito de devoção e sempre tendo em vista os deuses e antepassados. Gradativamente foi penetrando na vida dos nobres, e assim, sua forma foi passando por adaptações. No período Muromachi (1338/1573), eram promovidas reuniões para prática do rikka que, acredita-se, deram origem às exposições de ikebana. | + | O ESTILO RIKKA originou-se do tatehana (colocar flor em pé), arranjo floral destinado aos altares dos deuses e de Buda. O tatehana era simétrico, elaborado com espírito de devoção e sempre tendo em vista os deuses e antepassados. Gradativamente foi penetrando na vida dos nobres, e assim, sua forma foi passando por adaptações. No período Muromachi (1338/1573), eram promovidas reuniões para prática do rikka que, acredita-se, deram origem às exposições de ikebana. |
O Rikka, de acordo com a tradição de ikebana, é fincado em posição vertical; os galhos saem do vaso como suporte para recriar o conjunto da paisagem. No início, tinha forma livre e se utilizava de elementos em sua condição natural. Depois passaram a determinar formas rigidamente estabelecidas e complexas. Modernamente redescobriu-se as possibilidades criativas desse estilo. | O Rikka, de acordo com a tradição de ikebana, é fincado em posição vertical; os galhos saem do vaso como suporte para recriar o conjunto da paisagem. No início, tinha forma livre e se utilizava de elementos em sua condição natural. Depois passaram a determinar formas rigidamente estabelecidas e complexas. Modernamente redescobriu-se as possibilidades criativas desse estilo. | ||
- | O Rikka é o fundamento do ikebana, e foi o primeiro estilo a ser consolidado como tal. Dele se originou o Shoka e a partir de seus três elementos (shin, soe, tai), foram criadas as bases do Nagueire e do Moribana. | + | [[Image:Ik200.jpg|frame|left|Ikebana]]O Rikka é o fundamento do ikebana, e foi o primeiro estilo a ser consolidado como tal. Dele se originou o Shoka e a partir de seus três elementos (shin, soe, tai), foram criadas as bases do Nagueire e do Moribana. |
A partir do século XVII, foram dados nomes específicos para cada estilo de arranjo: moribana, nagueire, shoka, jiyuka (estilo livre), guendai-baná (arranjo moderno), zen-eibaná (arranjo de vanguarda), entre outros. | A partir do século XVII, foram dados nomes específicos para cada estilo de arranjo: moribana, nagueire, shoka, jiyuka (estilo livre), guendai-baná (arranjo moderno), zen-eibaná (arranjo de vanguarda), entre outros. | ||
No estilo MORIBANA (literalmente, flores empilhadas), arranjam-se as flores e galhos como se os estivesse empilhando. Baseado na estética natural das plantas, este estilo busca expressar a natureza de modo realista, descritivo. Tanto neste estilo como no Shoka, as formas básicas são determinadas por galhos com funções pré-estabelecidas. São três: Shin, Soe e Tai, que formam um triângulo. Shin é o galho principal e determina a forma geral do arranjo. Soe tem a função de apoiar o Shin. O Tai, numa função de complemento, estabelece a harmonia e equilibrio entre Shin e Soe. | No estilo MORIBANA (literalmente, flores empilhadas), arranjam-se as flores e galhos como se os estivesse empilhando. Baseado na estética natural das plantas, este estilo busca expressar a natureza de modo realista, descritivo. Tanto neste estilo como no Shoka, as formas básicas são determinadas por galhos com funções pré-estabelecidas. São três: Shin, Soe e Tai, que formam um triângulo. Shin é o galho principal e determina a forma geral do arranjo. Soe tem a função de apoiar o Shin. O Tai, numa função de complemento, estabelece a harmonia e equilibrio entre Shin e Soe. | ||
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O Ikebana (arranjo floral) pode ser considerado como a arquitetura das flores. Uma arquitetura harmoniosa , com ritmo, equilíbrio e balanço, enquadrada no ambiente em que está exposto. Desenvolvido na mesma época que a cerimônia do chá (período Muromachi - 1338/1578), o Ikebana (também denominado Kadô ou Sôka) teve suas origens na oferenda de flores aos deuses, dando ênfase no uso de materiais e formas em seu estado natural. Foi no início do século XVI que esse arranjo de flores investiu-se de princípios e facetas próprias, transformando-se numa nova arte. Após a Segunda Guerra Mundial, o Ikebana - embora mantendo seus princípios básicos - não tem se limitado à tradição, recorrendo-se a quaisquer materiais que o artista julgar capazes de expressar a beleza. Essa modernização valoriza a arte, difundindo-a internacionalmente. No Brasil, as correntes clássica e moderna convivem harmonicamente, e, pouco a pouco, o Ikebana deixa os limites da comunidade nipo-brasileira. Contando com muitas jovens professoras, não saber a língua japonesa deixou de ser empecilho para quem deseja aprender Ikebana.
Conteúdo |
[editar] Ikebana, A arquitetura das flores
Coube a Sen Rikyu (1522-1591), monge zen-budista, conselheiro predileto do xogun Hideyoshi Toyotomi, criar um novo conceito de estética: o gosto pelo simples, despojado e essencial. Ao mesmo tempo que lança as bases definitivas do Sadô (Caminho do Chá), ele também dá o refinamento ao arranjo de flores, o Ikebana.
O Ikebana nasceu do ritual de oferecer flores denomidado tatehana. Na antiguidade, acreditava-se que para invocar os deuses era necessário determinar um local para recebê-los. Daí o ritual de colocar um flor ou árvore disposta, preferencialmente, de forma perpendicular à sua base. No entanto, muitos estudiosos sustentam que a origem estaria ligada ao kuge, o ato de colocar flores no altar de Buda.Somente no século XIV é que o kuge passou a ser chamado de tatehana, e, de cunho apenas religioso, passa também a ter o cunho estético. Começa a aparecer a expressão "fixar a flor", dando início ao estabelecimento de limites na concepção livre de se colocar a flor. É a partir daí que se desenvolvem as técnicas para os arranjos florais. O ESTILO RIKKA originou-se do tatehana (colocar flor em pé), arranjo floral destinado aos altares dos deuses e de Buda. O tatehana era simétrico, elaborado com espírito de devoção e sempre tendo em vista os deuses e antepassados. Gradativamente foi penetrando na vida dos nobres, e assim, sua forma foi passando por adaptações. No período Muromachi (1338/1573), eram promovidas reuniões para prática do rikka que, acredita-se, deram origem às exposições de ikebana. O Rikka, de acordo com a tradição de ikebana, é fincado em posição vertical; os galhos saem do vaso como suporte para recriar o conjunto da paisagem. No início, tinha forma livre e se utilizava de elementos em sua condição natural. Depois passaram a determinar formas rigidamente estabelecidas e complexas. Modernamente redescobriu-se as possibilidades criativas desse estilo.
O Rikka é o fundamento do ikebana, e foi o primeiro estilo a ser consolidado como tal. Dele se originou o Shoka e a partir de seus três elementos (shin, soe, tai), foram criadas as bases do Nagueire e do Moribana.A partir do século XVII, foram dados nomes específicos para cada estilo de arranjo: moribana, nagueire, shoka, jiyuka (estilo livre), guendai-baná (arranjo moderno), zen-eibaná (arranjo de vanguarda), entre outros. No estilo MORIBANA (literalmente, flores empilhadas), arranjam-se as flores e galhos como se os estivesse empilhando. Baseado na estética natural das plantas, este estilo busca expressar a natureza de modo realista, descritivo. Tanto neste estilo como no Shoka, as formas básicas são determinadas por galhos com funções pré-estabelecidas. São três: Shin, Soe e Tai, que formam um triângulo. Shin é o galho principal e determina a forma geral do arranjo. Soe tem a função de apoiar o Shin. O Tai, numa função de complemento, estabelece a harmonia e equilibrio entre Shin e Soe. O SHOKA, com suas formas básicas e determinadas, é a estilização das plantas, da maneira como estas se apresentam na natureza, valorizando o vigor e a versatilidade das plantas. Com os galhos Shin (representativo de homem), Soe (céu) e Tai (terra), o arranjo quase sempre estabelece uma forma de meia-lua. No NAGUEIRE, a forma básica é caracterizada pela inclinação com galhos e flores arranjados em vasos fundos, jarras ou potes alongados. Enquanto no Moribana, os galhos possuem funções pré-estabelecidas, no Nagueire, seu papel é o de proporcionar harmonia entre as plantas e o vaso.
Texto baseado no livro "Ikebana, Arte e Criação no Estilo Ikenobo", de Kimiko Abe e Tokuko Kawamura, São Paulo, editado pela Aliança Cultural Brasil-Japão, 1993.
[editar] Escolas
Prática de arranjos florais que era, inicialmente, associado ao budismo e aos Mosteiros Zen, se popularizou no Japão e transformou-se em parte importante da cultura do País. Assim surgiram as técnicas, estilos, escolas e regras que contribuíram para difundir esta bela expressão artística. Esta arte é tão popular no Japão e no mundo que nos dias atuais existem mais de três mil escolas que ensinam esta maravilhosa arte e mais de quinze milhões de praticantes entre homens, mulheres e crianças. Cada escola tem seu estilo, as quais seguem um conjunto determinado de regras e técnicas.
[editar] Algumas destas escolas são:
- Ikenobo Esta é a escola mais antiga; Ikebana surgiu com Ikenobo e embora, em mais de 500 anos, outras escolas tenham se desmembrado do Ikenobo, diz-se que Ikenobo é a origem do ikebana. A história do Ikenobo inclui tanto o tradicional, como o criativo, os dois interagindo continuamente, encorajando novos desenvolvimentos no ikebana de hoje.
O homem, em todos os tempos, tem amado as flores, mas os nossos antecessores de ikebana perceberam que as flores não eram apenas belas, mas que elas poderiam também refletir o passar do tempo e as sensações de seus próprios corações. Quando captamos as mudas palavras das plantas e os seus movimentos silenciosos, podemos intensificar nossas impressões através da forma, uma forma que se transforma em ikebana. Arranjamos as plantas cortadas e retiradas da natureza, de maneira que elas encerrem uma nova beleza, quando colocadas num novo ambiente.
Mais do que a simples reprodução do contorno que a planta apresentava na natureza, é a criação com galhos, folhas e flores, de uma nova forma que inclui a nossa impressão sobre a beleza de uma planta, bem como a marca de nosso sentimento. Ikebana deveria também sugerir as forças da natureza com a qual as plantas vivem em harmonia - galhos curvados pelos ventos do inverno... uma folha semi-comida pelos insetos.
Ikenobo considera o botão de uma flor o mais bonito, porque em seu bojo encontra-se a energia da vida que se abre para o futuro. Em cada momento, plantas e homens respondem a um ambiente em eterna mutação. Junto com as plantas, os homens são parte vital da natureza e o nosso ato de fazer ikebana expressa este reconhecimento.
Como um poema ou pintura feita de flores, o ikebana de Ikenobo exprime tanto a beleza intrínseca das flores, como também a busca contínua do ideal de belo de nossos corações. O espírito do Ikenobo tem-se espalhado não só no Japão, mas no mundo inteiro. A beleza do Ikenobo serve cada vez mais para união de todos os povos.
- Sogetsu
A mais recente. Sofu Teshigahara criou a Sogetsu em 1927. A Exposição da Escola (1928), no bairro de Ginza, impressionou pela originalidade e lhe rendeu um convite para dar aulas de Ikebana pela rádio NHK e outro para ter seus trabalhos publicados na revista “Shufu no tomo”.
Em 1945, no Japão reduzido às cinzas, Sofu realizou a 1a. exposição do pós-guerra e a Sogetsu tornou-se símbolo do renascimento do Japão – Sofu ficou conhecido como o “Picasso Japonês” ou “Picasso das Flores” pela ousadia com que misturou os elementos naturais com pedra, plástico, metal e até sucatas da guerra. Foi solicitado a dar aulas de Ikebana às esposas dos oficiais americanos entre as quais a Sra. Douglas Mc.Arthur, dando início a divulgação e instalação de sucursais da Sogetsu na América. Na década de 50 o termo Ikebana torna-se internacionalmente conhecido e a Sogetsu ganha reconhecimento pelo estilo de vanguarda - na transformação dos materiais da natureza em verdadeiras esculturas vivas. Sofu mantém um intenso intercâmbio cultural com Miró, Antonio Gaudi, Salvador Dali e outros artistas ocidentais. Em suas incursões pelo ocidente, acompanhado por sua filha Kasumi, realiza Exposições em Paris, Londres, Nova York, Madri ...
Na década de 60 Sogetsu Art Center – Galeria torna-se a Meca japonesa do movimento avant-garde. Hiroshi Teshigahara (filho de Sofu) recebe o Prêmio Especial do Juri no Festival de Cannes, como Diretor do filme Woman in the Dunes”.
- Ohara Iniciou-se durante a abertura do Japão para o ocidente;
A Escola Ohara enfatiza as qualidades sazonais, os processos de crescimento natural, ea beleza dos ambientes naturais. Ohara escola acredita que é importante para seus alunos a observar a natureza. Segundo o diretor, Koun Ohara, com sede moribana como um estilo formal, e promoveu OHARA Ikebana em todo o país. O diretor Terceiro, Houn Ohara, imbuídos obras de paisagens com forte conotação literária e pictórica, a criação do chamado estilo Bunjin e RIMPA.
- Moribana Essa é a forma mais simples.
O estilo moribana é a porta de entrada para quem deseja estudar ikebana.
Criado após a Segunda Guerra Mundial, quando o Japão estava em processo de ocidentalização, é o estilo mais simples. Nele, as plantas são dispostas em vaso de boca larga.
Há três modelos básicos
- 1) O Chokutai ou estilo ereto, em que o galho principal (shin) apresenta inclinação máxima de 30 graus (ao lado, no arranjo de Emília Tanaka).
- 2) O Shatai ou estilo oblíquo , no qual o galho principal tem inclinação de 30 a 60 graus.
- 3) Finalmente, o Suitai ou estilo suspenso, no qual o galho principal, com inclinação maior do que 60 graus, projeta-se para baixo da borda do vaso.
- Sanguetsu fundada por Mokiti Okada na década de 40.
O estilo Ikebana Sanguetsu da Fundação Mokiti Okada ensina que a missão da flor é alegrar a vida, elevar o nível do sentimento humano e harmonizar o ambiente.
Pensando nisso, a Academia Sanguetsu oferece cursos com o objetivo de trabalhar a elevação da espiritualidade por meio do contato com a flor, criando um ambiente de harmonia, elevação e arte.
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