Ikiryô
De Nikkeypedia
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Há muitos anos, um homem deixou a hospedaria no meio da noite para seguir viagem a Nagóia. Quando ainda estava nos subúrbios de Quioto, numa encruzilhada, viu uma mulher sozinha, bonita e muita bem vestida. Era hora do boi, muito tarde para uma mulher sair para a rua sozinha. O homem pensou que provavelmente tivesse acontecido alguma coisa e ela precisasse de ajuda. Porém, continuou andando sem interromper sua viagem. Mas a mulher, dirigindo-se a ele, perguntou. | Há muitos anos, um homem deixou a hospedaria no meio da noite para seguir viagem a Nagóia. Quando ainda estava nos subúrbios de Quioto, numa encruzilhada, viu uma mulher sozinha, bonita e muita bem vestida. Era hora do boi, muito tarde para uma mulher sair para a rua sozinha. O homem pensou que provavelmente tivesse acontecido alguma coisa e ela precisasse de ajuda. Porém, continuou andando sem interromper sua viagem. Mas a mulher, dirigindo-se a ele, perguntou. |
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[editar] Ikiryô, o fantasma dos vivos
Há muitos anos, um homem deixou a hospedaria no meio da noite para seguir viagem a Nagóia. Quando ainda estava nos subúrbios de Quioto, numa encruzilhada, viu uma mulher sozinha, bonita e muita bem vestida. Era hora do boi, muito tarde para uma mulher sair para a rua sozinha. O homem pensou que provavelmente tivesse acontecido alguma coisa e ela precisasse de ajuda. Porém, continuou andando sem interromper sua viagem. Mas a mulher, dirigindo-se a ele, perguntou.
– Para onde o senhor vai? – Vou a Nagóia – respondeu. – O senhor deve estar com pressa, com traje de viagem tão tarde da noite. Mas, por favor, poderia parar um pouco, pois tenho de fazer uma pergunta que é muito importante para mim. – Tudo bem, em que posso servi-la? – perguntou. – Sabe onde fica a casa de Minbu-no-Taihu? Quero fazer-lhe uma visita, mas estou completamente perdida. – A casa dele fica para aquele lado – disse, apontando para a direção – Gostaria de lhe ajudar, mas estou com muita pressa e não posso acompanhá-la. – É muito importante para mim, por favor, leve-me até lá.
Constrangido, o homem saiu de seu roteiro e acompanhou a mulher. Ao mesmo tempo, sentiu certa satisfação por ajudá-la. Ela o seguiu silenciosamente até a porta de uma casa depois de caminhar cerca de uma hora.
– Aqui é a casa de Minbu-no-Taihu. Ela agradeceu, disse que morava em Shiga com a filha e deu seu endereço.
– Quando o senhor passar em Shiga, por favor, faço questão que nos visite. Assim, terei a oportunidade de lhe oferecer um chá como agradecimento.
O homem abaixou a cabeça como cumprimento de despedida e saiu andando, porém, ao voltar a cabeça, a mulher havia desaparecido. Achou estranho, pois não a viu bater à porta, nem ninguém a abrindo. Então, voltou uns passos, examinou a porta e viu que ela estava fechada como antes. Olhou ao lado da casa, mas não havia ninguém. Ficou intrigado e pensou em bater à porta da casa, porém não queria incomodar ninguém àquela hora da noite. De repente, ouviu um grito horripilante no interior da casa. Chegou a ter impressão que alguém havia morrido de susto lá dentro. Porém, achou por bem esperar um pouco. Não seria prudente de sua parte entrar e se intrometer em questões alheias. Esperou ansiosamente que alguém abrisse a porta. Enquanto isso, começou a amanhecer.
Quando um criado abriu a porta, o homem perguntou o que aconteceu lá dentro na madrugada.
– Meu mestre tinha uma esposa em Shiga, mas a abandonou porque se juntou com outra mulher e mudou-se para cá – contou o criado. O ikiryô (espírito) da mulher anterior veio atrás do meu patrão, e a nova esposa dele ficou seriamente doente.
Nesta madrugada, a nova esposa deu um grito horrível, tentou correr e caiu morta no fundo da casa. Fico pensando, um ikiryô (espírito ou fantasma de uma pessoa viva) pode matar uma pessoa desse jeito?
Então, o viajante compreendeu. Depois que Minbu-no-Taihu abandonou a esposa, ela deixava seu corpo enquanto dormia para caçar a mulher que havia roubado seu marido. Ao se apresentar diante da mulher, em seu corpo espiritual, teria causado um susto capaz de lhe tirar a vida.
O viajante ficou atemorizado e arrependido de ter ajudado aquele fantasma, mas o que havia acontecido não havia como desfazer. Deu meia volta e seguiu sua viagem para fora de Quioto.
Alguns dias depois, recuperado do susto e descansado da viagem de volta, o assunto voltou à sua cabeça. Então, para satisfazer sua curiosidade, resolveu ir até Shiga e buscou pelo endereço fornecido pela “mulher fantasma”. Quando achou a casa, ele entrou e conversou com ela. A mulher novamente agradeceu a ajuda e disse:
– Jamais esquecerei da sua ajuda, aquela noite me deu uma grande alegria. Lembrarei disso até a próxima encarnação.
Ato seguinte, a mulher deu ao homem doce finos e ricas peças de seda. O presente era valioso demais para se recusar, e o homem aceitou tudo de bom grado – assim conta o livro Konjaku Monogatari, compilado em 1120 no Japão.
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