Butoh

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O butohé uma dança que estabelece uma relação muito próxima com a morte, com os mortos e todo um mundo invisível. O corpo que dança butoh é o corpo morto. Não se dança sozinho, mas cercado de espíritos. A dança acontece ao mesmo tempo na morte e dentro do útero materno. O butohé uma dança que estabelece uma relação muito próxima com a morte, com os mortos e todo um mundo invisível. O corpo que dança butoh é o corpo morto. Não se dança sozinho, mas cercado de espíritos. A dança acontece ao mesmo tempo na morte e dentro do útero materno.
Longe de ser uma anormalidade, essas relações são comuns para os japoneses, devido à sua cultura religiosa. É importante conhecer o ethos japonês, pois de outra forma a compreensão da estética e filodofia que compõem a cena-butoh é só parcialmente atingida. Longe de ser uma anormalidade, essas relações são comuns para os japoneses, devido à sua cultura religiosa. É importante conhecer o ethos japonês, pois de outra forma a compreensão da estética e filodofia que compõem a cena-butoh é só parcialmente atingida.

Revisão de 12:05, 16 Novembro 2010

Butoh
Butoh

O butohé uma dança que estabelece uma relação muito próxima com a morte, com os mortos e todo um mundo invisível. O corpo que dança butoh é o corpo morto. Não se dança sozinho, mas cercado de espíritos. A dança acontece ao mesmo tempo na morte e dentro do útero materno. Longe de ser uma anormalidade, essas relações são comuns para os japoneses, devido à sua cultura religiosa. É importante conhecer o ethos japonês, pois de outra forma a compreensão da estética e filodofia que compõem a cena-butoh é só parcialmente atingida.


Conteúdo

Uma Sociedade e seus Ritos

A cultura japonesa é permeada de rituais: é através deles que se faz a mediação entre esse e o outro mundo e atinge-se o equilíbrio na vida cotidiana. Pequenos rituais caseiros e grandes ritos coletivos são observados até hoje no Japão, e não apenas no interior.

Até os primeiros séculos de nossa era,o Japão possuía um tradição religiosa bastante diversificada, com práticas xamânicas e adivinhatórias, ritos de fertilidade, cerimônias agrícolas e culto a fenômenos da natureza. Com o processo de unificação do arquipélogo, o líder do clã Yamato impôs-se a nível político e religioso, assumindo o papel de imperador e sumo sacerdote. Somente em meados do século VI,após a introdução oficial do Budismo, entretanto, é que as crenças e práticas nativas foram organizadas em torno do mito da origem divina da família imperial, denominado Xintoísmo. O Budismo e o Xintoísmo principalmente, mas também o Confucionismo e Taoísmo, são protagonistas do universo religioso, nipônico, e existem algumas idéias básicas que permeiam as práticas religiosas e a cultura: a proximidade entre os seres humanos, deuses e natureza; o caráter religioso da família; a importância da purificação, dos rituais e dos talismãs; a proeminência dos cultas e determinadas divindades.

Vivendo entre Espiritos

Os japoneses interagem com o mundo dos mortos natural e cotidianamente. A família japonesa ocupa, tradicionalmente, um caráter sagrado. O conceito de Família considerado sagrado nesse caso, é o de ie ou família corporativa: dele integram não só a estrutura básica de família (pais e filhos) mas todo um grupo de pessoas co-residentes que partilham de uma vida social, econômica, política e religiosa. Além de poder incluir não-parentes, o grupo ie existe perpetuamente, além do período de vida de qualquer mebro ou geração: os membros falecidos são presentes na vida familiar. O culto aos antepassados é comum. Em casas ou vilas japoesas tradicionais costuma haver um altar de culto aos antepassados. A eles faz-se oferendas, ora-se, pede-se conselhos. Eles são também guardiões das famílias, e apreciados como deuses, inclusive havendo uma hierarquia entre os mortos. No mês de agosto comemora-se a festa dos mortos obon. Durante esse período, especialmente, os espíritos mortos retornam às casas de suas respectivas famílias, e para eles prepara-se a casa e faz-se oferendas especiais junto aos oratórios budistas.


Tooro Nagashi celebrado no final do Obon. As lanternas de papel com os nomes dos falecidos escritos são soltas no mar ou em rios. As lanternas iluminam o caminho dos espíritos e são acompanhadas de pedidos de paz. Ao norte do Japão, a região de Tohoku onde nasceu Tatsumi Hijikata é conhecida popularmente por abrigar a maior concentração de sacerdotisas cegas e fantasmas.

O Útero da Mãe

O lugar do butoh é na barriga da mãe. No útero do universo. O lugar da minha dança é dentro da barriga. A vida e a morte são inseparáveis. Assim como o ser humano nasce, a morte chega inexorável. Sempre prenhe de contradições. A vida nasce e, no caminho inverso, chega-se à criação do universo. Da criação do universo a vida se perpetua até nós, através da história." (Kazuo Ohno)

Em geral na cultura japonesa mães e filhos são muito unidos. Tradicionalmente, a mulher japonesa é responsável pelos assuntos domésticos, incluindo-se a criação dos filhos. O modo de criar das mães japonesas favorece a formação de um elo muito forte de dependência afetica e emocional das crianças em relação às mães. Essa dependência é denominada a mãe.

"O Universo é a Mãe,o alimento a que nos dirigimos por instinto. Amor: quando o bebê nasce e o cordão umbilical é cortado o bebê chora e é como se dissesse: e agora? O que eu faço com a vida? Essa forma de vida é criada pelos Céus. A criança está ouvindo tum tum tum tum dentro da barriga da mãe. Mãe e filho: amor e amor estão conectados. Quando se corta o cordão, espera-se um novo recém-nascido amor. Quando o bebê procura o seio da mãe, isso não é racional, é natureza, é instinto. É como se houvesse uma mesa dentro do corpo da mãe, o feto a sente e se relaciona com essa mesa." Kazuo Ohno

Ohno traz para a dança a todo momento o tema da maternidade, e todos os outros temas derivam dele ou a ele retornam. Sobre esse tema criou diversos espetáculos.

"Nosso planeta nasceu de outros planetas, ou do resto do cosmo. Isso significa que ele nasceu da morte de outros. O útero materno reflete o cosmo, os novos nascimentos têm uma experiência da morte por causa mesmo da sua formação uterina, a mãe dá a vida ao seu filho mas ela vai em direção à morte. Ela morre pouco a pouco, enquanto seu filho adquire a vida dessa morte."

O Corpo Morto

Tatsumi Hijikata estudou intensivamente o corpo morto para compor sua dança. Não a morte, o abstrato. O objeto de estudo era o prórpio corpo, material, morto. Quando se morre, o cérebro não atua mais no comando dos movimentos. Ainda assim, por algum tempo, são visíveis os movimentos involuntários do corpo. Observando um cadáver, percebem-se também diversos movimentos da degradação desse corpo, sob a ação de fungos e bactérias. Essa é a base de estudo sobre a qual Hijikata desenvolveu seu trabalho. Ele também costumava observar uma galinha, que após ter a cabeça cortada, ainda se movimentava por certo tempo. No extremo oposto dessa linha, ele estudava também os primórdios do movimento, o modo como crianças pequenas brincavam com o corpo para reconhecê-lo.

Kazuo Ohno, em uma outra linha, diz que ao dançar, deve-se ter o corpo morto e os olhos mortos. Para dançar, deve-se matar o corpo, no sentido de matar a submissão da expressão do noso corpo à nossa vontade, ao nossos ego e superego. Através do corpo morto pode-se chegar a um resultado inusitado, genuíno, "louco". É como a busca da "fala" de um corpo sem preconceitos, sem dogmas. Mata-se um corpo para que outro, desconhecido, possa revelar-se. Em uma aula no seu estúdio, Ohno explicou aos alunos os olhos mortos:

"Dançar como num sonho. Olhos abertos sem ver, sem fixá-los em nada, sem tomar conhecimento visual do que se passa. Há anos eu venho estudadno a respeito dos olhos. Que tipo de olhos trazer quando se representa a eternidade? Ah! Que difícil! De qualquer maneira, se se dança de olhos fechados (como vejo alguns fazerem) perde-se uma parte essencial do corpo. Tive um cachorro que morreu de olhosabertos. Olhos vivos, translúcidos, mas olhos que nada vêem. É esse o olhar que vocês devem ter."

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